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Informações Gerais

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Desde 2010, a região de Huila, na Colômbia, deixou de ser uma área periférica para se tornar a principal produtora de café do país. O objetivo dessa tese é analisar a organização da produção cafeeira em Huila, a partir das relações sociais construídas através do grão na vida de produtores/as, comerciantes e trabalhadores (homens e mulheres) vinculados/as nas diferentes etapas da sua produção, assim como em sua comercialização e processamentos na economia local. Através dessas relações, o grão conecta casas, fincas (unidades de exploração agropecuária) e pueblos (povoados conformados por uma praça principal, mercados, igrejas e casas) com o mundo, circulando e adquirindo diferentes formas materiais e simbólicas antes de ser exportado e/ou consumido. Nesse sentido, realizei uma pesquisa etnográfica que observou e analisou os seguintes aspectos da produção cafeeira. Primeiramente, o ciclo produtivo local do grão, que inclui a transformação de café cereja em pergaminho ou café especial por associações camponesas locais, a formação de provadores/as (pessoas que testam e avaliam por sabores os cafés) e a chegada de certificações de qualidade articuladas a instituições cafeeiras nacionais, empresas (exportadores nacionais) e clientes (compradores internacionais). Em segundo lugar, defino a organização do ano agrícola em tempos quentes (na safra) e tempos frios (após a safra), baseado nos fluxos de pessoas e produtos nos pueblos e as atividades nas fincas. Em terceiro lugar, dedico a análise nas distinções sociais construídas entre trabalhar (trabalho manual e com esforço físico), ver trabalhar (supervisionar o desempenho de diferentes atividades na finca) e ajudar (atividades voluntárias ou obrigatórias - muitas vezes realizadas por parentes – para o funcionamento da casa e da finca). Por fim, analiso as relações de gênero na administração das fincas, na distribuição da comida nas casas, na constituição de novos casais (às vezes conformados por trabalhadores e filhas de produtores), na transmissão da terra, e nas rendas das mulheres como produtoras, empresárias e como preparadoras dos alimentos. Os dados foram produzidos pelo trabalho de campo realizado em diferentes tempos do ano agrícola em 2014, 2015, 2017 e 2019. Nessas imersões, circulei por cidades/pueblos, veredas (bairros rurais), fincas e cozinhas, realizando entrevistas e convivendo com produtores/as, trabalhadores/as, representantes de instituições e integrantes de grupos de produtores/as que comercializam os seus cafés. Com base nos dados e a literatura do tema, realizo uma abordagem sincrônica (o funcionamento no presente) que, apoiada em um material diacrônico (as mudanças em diferentes períodos de tempo), mostra a constituição da paisagem, a vida, a produção e o comércio regional de café. 

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