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Informações Gerais

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Esta dissertação explora a relação pouco estudada entre motoristas de aplicativo e os seus grupos de WhatsApp. O trabalho de aplicativo funciona por meio de um gerenciamento algorítmico. A noção de autogerenciamento subordinado, formulada por Ludmila Abilio, caracteriza a uberização do trabalho a partir de como as empresas-aplicativo, através do gerenciamento algorítmico, deslocam as responsabilidades e os riscos da atividade empresarial para os próprios trabalhadores que, longe da promessa de autonomia, são subordinados e gerenciados pelas plataformas. Nesse contexto, os trabalhadores recorrem a estratégias cotidianas de sobrevivência para garantir sua subsistência. Assim, entender essas estratégias, um caminho fundamental para compreender o trabalho de aplicativo a partir da experiência do Sul Global e do Brasil. Com esse objetivo, realizou-se um acompanhamento e observação de cunho etnográfico de cerca de 20 grupos de WhatsApp de motoristas de aplicativo de diferentes regiões do Brasil durante 18 meses. Desta forma, foi possível explorar o gerenciamento algorítmico a partir da circulação e discussão das estratégias cotidianas de sobrevivência nesses grupos. A escolha metodológica pelos grupos se dá na medida em que o WhatsApp também é uma das mais importantes estratégias que viabilizam o trabalho de aplicativo. O trabalho de campo permitiu explorar algumas categorias que fazem parte das estratégias empregadas pelos motoristas, como a pista e o cálculo do limpo. Essas estratégias fornecem fortes evidências da subordinação e do controle das empresas-aplicativo. Exploraram-se os modos em que os efeitos assimétricos das plataformas de gerenciamento algorítmico do trabalho aparecem nos grupos, como no caso da busca constante pela otimização ou quanto às plataformas enquanto laboratórios do trabalho. Por fim, foram discutidos episódios específicos que apontam para as complexidades da ação coletiva entre os motoristas de aplicativo.

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