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Nesta tese, proponho uma análise da relação entre os processos de (i.) emergência da curadoria de exposições de arte, (ii.) consolidação institucional da “arte contemporânea” enquanto paradigma socioestético, e (iii.) reconfiguração no status de categorias geopolíticas para classificação e interpretação da produção artística; considerando que ocorreram de modo imbricado, se implicando mutuamente, e se conformando como uma trama de transações entre agentes do universo artístico. O estudo enfocou a organização de uma série de exposições de arte realizadas no Brasil, entre 1978 e 1983, as Bienais de São Paulo, com suas edições “internacionais” – que seguiam desde sua inauguração, em 1951 –, e uma edição transnacional/regional – a “latino-americana”, realizada apenas em 1978. Com esse recorte histórico, abordei sociologicamente as práticas discursivas, negociações, debates, disputas e colaborações levadas a cabo principalmente por agentes da mediação cultural, pessoas que ocuparam posições fundamentais para a afirmação da noção de curadoria no Brasil, como Aracy Amaral e Walter Zanini – envolvidos diretamente na primeira ocasião em que tal termo se apresentou, os preparativos para a 16a Bienal Internacional, entorno a 1980, realizada após a definição pela interrupção das edições latino-americanas, marcando um momento de transição da dinâmica da Fundação promotora do evento. Aprofundando em revisão historiográfica, desenvolvimentos teóricos da antropologia, sociologia cultural e da arte, e da história das exposições, mantive o eixo empírico do estudo apoiado por levantamentos de fontes documentais primárias – com destaque para o Arquivo Histórico Wanda Svevo da Fundação Bienal de São Paulo, e alguns acervos de jornais. As questões que motivaram a pesquisa, sua formulação metodológica e de hipóteses de trabalho, foram as seguintes: Como, em que medida e com quais consequências, a organização de contextos de circulação e apresentação de obras de arte contemporânea se fundamenta em categorias geopolíticas? Como sistemas de classificação e interpretação de bases geopolíticas se manifestam em exposições, enquadrando, reafirmando e atribuindo relações de sentido à produção artística de acordo com escalas e pertencimentos de ordem ‘local’, ‘nacional’, ‘regional’, ‘internacional’ e ‘global’? Como os objetos compreendidos como artísticos e produzidos por pessoa de uma nacionalidade específica ou no interior de um território e estado-nação discriminados são interpretados e apresentados como reflexo de e reflexão sobre dado lugar de enunciação?

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Orientador(a)
Financiador