Esta tese tem objetivo de analisar a constituição e as estratégias de uma rede de movimentos sociais que contesta os impactos e afetações socioambientais de uma siderúrgica multinacional, hoje chamada de Ternium Brasil, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, no bairro de Santa Cruz. Nessa rede de atores contestadores, destacamos uma tríade formada por pescadores do bairro, moradores afetados reunidos no Coletivo “Marta Trindade” e uma organização da sociedade civil de assessoria e apoio, chamada de Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (Instituto Pacs). Para isso, foram utilizadas entrevistas de história oral e análise documental de jornais e revistas, assim como cartilhas, relatórios e boletins construídos por especialistas nessa rede de atores sociais. Essa articulação política se localiza em um conflito socioambiental e ecoterritorial cujos impactos sociais da siderurgia são analisados e os repertórios de contestação e suas práticas reivindicatórias na disputa entre empresa e comunidade tomou proporções globais com a solidariedade de atores de outros países, ao fazer crítica à opção de um modelo de desenvolvimento que, segundo os relatos colhidos, provocam consequências nefastas à comunidade local. Esse modelo, o neoextrativismo é materializado no território pela presença da siderúrgica, e esta tese busca territorializar essa ação coletiva, entendendo que nessa localidade há uma disputa pelos sentidos dados ao lugar, uma área carente e marginalizada que sofre com “injustiças ambientais” e “racismo ambiental”.