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Informações Gerais

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Esta tese analisa a maneira como a antropologia, entendida no Brasil como uma disciplina componente das ciências sociais, emerge em manuais didáticos destinados à educação básica. Tais livros são mais comumente referidos como manuais de sociologia, a disciplina que tende a englobar as duas outras – a antropologia e a ciência política – em sua alçada. O estudo desses manuais abarca dois contextos históricos nos quais a incorporação das ciências sociais no ensino básico se tornou relevante. O primeiro momento enfocado situa-se entre os anos 1920 e 1940 e nele analiso cinco manuais didáticos que lançam luz sobre o conhecimento antropológico que chegava então ao país. Busca-se contribuir para a história da antropologia no Brasil pois tais livros situam-se em um campo de conhecimentos em que as ciências sociais não possuíam ainda fronteiras disciplinares e institucionais estabelecidas. O segundo momento nos traz ao período atual, no qual, com as ciências sociais já consolidadas no ensino universitário, a sociologia foi reintroduzida no currículo do ensino médio com a Lei 11.684/2008. Analisamos os cinco livros didáticos aprovados no PNLD 2018 e as entrevistas realizadas com alguns de seus autores que revelam meandros do processo de produção e atualização dessas obras. Compreender ambos os períodos através dos manuais didáticos, e de seus autores em suas redes de relações, revela também como foi se constituindo uma configuração disciplinar da antropologia a partir do acúmulo de determinadas temáticas de trabalho. Do primeiro período, salientamos a influência do difusionismo – através da chamada escola histórico-cultural e da vertente culturalista estadunidense – entre os intelectuais da época. Na análise dos manuais produzidos no contexto atual, destacamos o conceito de cultura como carro chefe de apresentação da antropologia aos estudantes e duas formas de mobilizar a disciplina: uma mais teórica e outra mais prática, através de etnografias. Ao privilegiar o olhar etnográfico e o saber antropológico como foco de análise, esta tese busca alargar a visão sobre a constituição do campo do conhecimento antropológico no Brasil e apresentar novas contribuições para o campo dos estudos que se debruçam sobre o ensino das ciências sociais no nível médio.

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