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Informações Gerais

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Esta tese analisa a arte colaborativa contemporânea no cenário brasileiro a partir dos estudos de caso das exposições, curadorias e gestões das instituições cariocas MAR e CMAHO. Arte colaborativa que começa a ser delimitada inicialmente pelos coletivos de arte que se institucionalizaram nas primeiras décadas do século XXI. Contudo, em seguida, tais coletivos contaminam o discurso das gestões dos museus e das curadorias que passam a enfatizar também o sentido de criar coletivamente. Tais instituições vem valorizando uma autoria coletiva em seus diversos aspectos e apontando para a noção do que pode ser chamado de coletivização da instituição. A partir dos processos pelos quais os coletivos se institucionalizaram e as instituições se coletivizaram, é discutido também a relatividade desta afirmação. Os discursos de consagração que parecem estar transformando parte das convenções da arte, nem sempre em suas práticas acontecem de fato de maneira não hierárquica e igualmente colaborativa. O objetivo desta tese é mostrar que da mesma maneira que entre os coletivos de arte existem diversas características de funcionamento, o sentido pelo qual a instituição vem se coletivizando também é múltiplo. O termo ‘arte colaborativa’ é diferente da ‘arte como ação coletiva’ que o sociólogo Howard Becker elabora. Quando este autor define que um coletivo de indivíduos trabalha por detrás para que o reconhecimento de um artista individual aconteça na fachada, não se refere ao fenômeno aqui colocado. O que parece estar em voga nos processos sociais analisados são mudanças de convenções, em que assumir uma coletividade na produção artística vem passando a fazer parte do discurso legitimado da arte contemporânea. E assim os discursos que enfatizam e trazem à tona a busca por produções não hierárquicas na arte podem de fato, em alguns momentos, alterar situações da realidade social. Por fim, a arte colaborativa aqui discutida tangencia questões de memória, cotidiano, reformas urbanas, práticas políticas e a discussão da autoria na arte. Por isso nesta tese são destrinchados os caminhos pelos quais a arte dos coletivos realiza uma espécie de contaminação ou alargamento que invade os demais setores do mundo da arte e se torna um espectro coletivista.

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