Esta tese defende que a produção intelectual de Octávio de Faria contém uma interpretação da relação entre o catolicismo e a modernidade e também uma leitura acerca do processo de modernização da sociedade brasileira. Além disso, propõe que a tomada da produção intelectual octaviana como objeto de análise permite uma compreensão da intelectualidade católica brasileira da primeira metade do século XX que coloca em primeiro plano a variedade e as tensões internas a tal grupo. O objetivo desta tese é analisar o pensamento produzido por Octávio de Faria de modo a identificar a visão trágica que este autor desenvolve acerca do catolicismo e da situação do burguês brasileiro. Para tanto, é necessária uma reconstituição do contexto intelectual no qual o autor estava inserido e que fornecia os limites e possibilidades de sua atuação. Também é fundamental uma leitura holística de sua obra que permita tanto a percepção da gramática religiosa que o escritor utiliza para a construção de seu pensamento quanto o desenvolvimento de suas ideias acerca da religião e da sociedade. Duas são as hipóteses principais dessa tese. A primeira diz que a partir do recurso ao trágico, Octávio de Faria e outros escritores católicos, apresentaram uma interpretação acerca do lugar da religião, em especial do catolicismo, no mundo moderno. A segunda afirma que a leitura octaviana da sociedade brasileira é profundamente marcada pela posição social do escritor, que considera trágica a situação de uma burguesia que se vê progressivamente transmutada de estamento em classe.