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Informações Gerais

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Esta tese acompanha a crescente presença de artistas indígenas do Brasil no mundo da arte contemporânea na segunda década do século XXI. Transitando entre mundos ontologicamente diversos e habitando zonas de contato, suas criações são marcadas pela reverência e reinvenção das cosmologias e estéticas de suas culturas de origem, articuladas com técnicas e linguagens da arte contemporânea. Por meio de uma etnografia multissituada realizada com artistas e curadores em exposições e eventos culturais, discutimos elaborações conceituais, escolhas estéticas, temáticas e trajetórias de vida que configuram um panorama amplo deste território partilhado. A análise de obras de arte e discursos como os de Jaider Esbell e Denilson Baniwa, permite enxergar estratégias de inserção, subversão, apropriação, colaboração e criação de novos espaços e circuitos de arte. Percebemos que a arte contemporânea tem buscado nos universos indígenas inspiração para repensar o mundo e a sociedade, os efeitos do colonialismo, do capitalismo, do antropoceno e a fronteira entre arte e vida, embora não deixe de reproduzir práticas de expropriação e exotização do “outro”. Os artistas indígenas buscam valorizar sua identidade e memória, ocupar espaços de visibilidade e representatividade, criando suas próprias narrativas e provocando transformações no mundo da arte. Fortemente política, a arte contemporânea feita por estes artistas é eminentemente relacional e atua no mundo materializando e mediando redes complexas de relações com o cosmos, os seres não-humanos e com os não-indígenas, abrindo caminhos para outros mundos possíveis.

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