Esta pesquisa tem como objetivo construir uma visão geral do patrocínio corporativo na arte contemporânea no Brasil e entender como o interesse de empresas privadas na cultura afetou o funcionamento das instituições de arte. Minha hipótese sugere que transformações culturais que colocaram a empresa privada no centro da vida social e epítome de eficiência da era contemporânea, levando esses atores a um papel de destaque em diversos setores, em especial, a definição de políticas culturais e leis de incentivos fiscais para a cultura. Argumento que tais mudanças reorganizaram os campos de produção cultural o que, para as instituições de arte resultou no acúmulo de uma função de relações públicas para empresas patrocinadoras. Usando dados de financiamento público para as artes no Brasil, diferencio projetos culturais de arte contemporânea de outras manifestações artísticas financiadas por empresas no país com a ajuda de uma inteligência artificial desenvolvida pela combinação de processamento de linguagem natural e métodos de aprendizado de máquina. A partir desses dados, mapeio a distribuição geográfica, o volume de recursos e as principais instituições de arte e empresas que patrocinam a arte contemporânea brasileira. Em uma segunda etapa, uso esse mapeamento para encontrar pessoas ligadas a essas instituições e empresas para realizar entrevistas semiestruturadas. O objetivo das entrevistas é preencher qualitativamente as lacunas deixadas pelos dados quantitativos e entender como e em que medida as relações entre os profissionais de arte e as empresas patrocinadoras podem alterar o funcionamento das instituições de arte contemporânea e a produção de arte legitimada. Os dados sugerem uma concentração de instituições bancárias no patrocínio da arte contemporânea e a interferência dos patrocinadores corporativos nas escolhas artísticas/curatoriais dos museus.