O tema fundamental deste projeto de pesquisa é a institucionalização psiquiátrica pública e permanente, bem como os desafios que o Brasil tem enfrentado nos processos de desinstitucionalização dos sujeitos que vivem, ou viveram, nessas instituições. Tenciona-se uma justaposição das questões relacionadas às vidas cotidianas compostas por múltiplas micro-políticas de sujeitos que viveram, de forma permanente, como ex-residentes de um hospital psiquiátrico, ao modo de guardar histórias, ou de registrá-las, encontrado a partir de arquivos de instituições psiquiátricas. O recorte temporal parte da promulgação da Lei de Saúde Mental (no 10.216), em 2001, até a atualidade. Os dados serão trabalhados a partir de uma etnografia de arquivos e, de modo geral, busca-se compreender, a partir das trajetórias de vida tecidas nos documentos oficiais, os mecanismos que contribuíram para a reificação da lógica manicomial institucionalizante brasileira, que tem se estendido para diferentes serviços de tratamento e cuidado em saúde mental no país. Além disso, busca-se documentar a existência dessa população e observar como a tecitura dos documentos legitimou a permanência institucional desses moradores