O objetivo deste trabalho é mapear e analisar os sentidos e valores comumente mobilizados em torno da ação de organizar. Para isso, efetuo uma investigação das práticas e justificativas de consultores de organização (personal organizers) e examino as definições explicitadas em manuais/livros de organização pessoal. Metodologicamente, o trabalho se divide em três frentes: realização de entrevistas semiestruturadas com consultores de organização, análise de manuais sobre o tema e, por último, observação participante em um evento brasileiro de personal organizers. No campo teórico, me apoio sobre as ferramentas conceituais da sociologia pragmática francesa a fim de estabelecer uma investigação situacionista e compreensiva a respeito da organização como um tipo de ação social específica mobilizada situacionalmente pelos atores sociais e orientada por valores e finalidades variadas. As observações preliminares das entrevistas transcritas e dos textos dos manuais indicam que a ação de organizar desempenha um importante papel na diminuição da possibilidade de emergência de desajustes e atravancamentos no conjunto de relações que uma pessoa estabelece com o mundo (relações essas que podem envolver outros atores sociais, objetos, espaços, tempo, valores etc.), além de ser mobilizada especialmente em processos de transição/mudança de vida para restituir um estado de ordem ou harmonia nas relações entre diferentes actantes em situações distintas.