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O objetivo deste trabalho é analisar o impacto das projeções sobre o futuro na vida cotidiana dos atores sociais a partir do caso do Jardim Batan, favela localizada em Realengo, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, no projeto das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Essa política pública, por meio de uma ocupação policial permanente, oferece aos moradores a melhoria nas favelas da cidade à medida que novos serviços públicos forem sendo oferecidos ao longo do tempo, como uma forma de solução para os problemas de segurança no Rio de Janeiro. O Batan foi a terceira favela a integrar o projeto, o que se deveu devido, principalmente, a um fato pontual – a repercussão pública sobre um caso de tortura praticado por milicianos contra jornalistas. A elaboração de um prognóstico sobre o que virá, as projeções, resulta em uma coordenação de ações, os projetos, para realizar a predição ou a evitar em caso de um futuro não desejado. Por meio de entrevistas e de observação participante, este estudo pretende analisar em que medida a utopia proposta pelas UPPs mudou a percepção dos atores sobre os procedimentos necessários para conseguir trazer melhorias ao Batan em um momento posterior. Proponho que a mobilização sobre a existência de um sofrimento comum entre os moradores da favela possui uma importância fundamental para engajá-los em torno de uma previsão, pois os engajamentos afetivos permitem que a demanda por um bem, entendido aqui como um elemento mobilizado para justificar uma dada configuração situacional, consiga ser distendida ao longo no tempo. A falha do projeto das UPPs em demonstrar a eficácia de uma abordagem baseada em elementos cívicos para atacar o quadro geral de problemas dos moradores, entendido aqui como uma situação permanentemente indefinida, corrobora a emergência de projeções que visem bens direcionados a um grupo restrito de indivíduos, mesmo que nem todos em posição desigual consigam alcançá-los.

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