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Informações Gerais

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A partir de uma etnografia realizada em Unidades Básicas de Saúde, esta tese tem como objetivo analisar políticas de saúde e arranjos de cuidado no Complexo do Alemão, conjunto de favelas situado na Zona Norte do Rio de Janeiro. Partiu-se do pressuposto de que a localidade constitui um elemento fundamental para compreender a dinâmica de funcionamento do serviço de saúde ali situado e, desse modo, estes dois elementos, o conjunto de favelas e o serviço de saúde, foram analisados paralelamente. Investigou-se, na primeira parte, a história das políticas públicas de saúde existentes no Complexo do Alemão, desde os anos 1980, e as diferentes faces do chamado problema da “violência urbana”, que tem pautado os discursos públicos sobre este local há pelo menos três décadas. Na segunda parte, analisou-se como médicos e usuários do serviço de saúde compreendem e praticam o cuidado, tanto a partir das consultas acompanhadas na unidade de saúde, como também naquelas realizadas no “território”, durante as visitas domiciliares. Evidenciou-se que a rotina do serviço de saúde, os processos de adoecimento, de cuidado e as relações entre profissionais e usuários são atravessados e constituídos pela dinâmica do ambiente que os cerca; elemento este que, algumas vezes, é visto como um complicador na rotina de trabalho por parte de alguns profissionais, ao passo que, por outros, é agenciado de forma criativa, sobretudo a partir da criação de vínculos com o espaço e os usuários. Por fim, considerou-se a importância da noção de cuidado na compreensão da forma pela qual se vive e se constrói o Complexo do Alemão e no enfrentamento das diferentes desigualdades que perpassam as vidas de seus moradores.

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