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A temática do lixo e da reciclagem tem uma centralidade nas discussões ambientais urbanas desde o final do século passado. Uma série de políticas e de estratégias de gestão e beneficiamento foram pensadas para lidar com um problema público que se intensifica: os resíduos sólidos urbanos e seus destinos. Esta dissertação constitui-se em uma pesquisa sobre como a vida é tecida e reproduzida em torno da Usina de Reciclagem e Compostagem do Caju, atual Estação de transferência de resíduos. A Usina de reciclagem foi a maior obra pública da época, inaugurada em 1992 no Rio de Janeiro, com a promessa de solucionar o dilema sobre o descarte ambientalmente adequado dos resíduos da capital fluminense. Essa infraestrutura mobiliza uma série de efeitos e afetos em torno de uma experiência particular, a Xepa do Caju, uma categoria designada a intitular circuitos, mercados e estratégias de vida a partir da reciclagem, que tornou-se o objeto perseguido etnograficamente por este estudo. A pesquisa foi metodologicamente conduzida de forma qualitativa, através de diferentes métodos e técnicas de pesquisa, com ênfase na observação participante. Como resultados e contribuições, o estudo apresenta um quadro interpretativo acerca dos sentidos e significados em torno da experiência de vida no âmbito da cadeia de reciclagem. Apontando para os contrastes entre as expectativas e promessas mobilizadas por um projeto de planejamento urbano que produz efeitos e afetos difusos que fogem a normatividade e ao tecnicismo no território do bairro do Caju.

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