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O presente trabalho busca compreender o circuito dos cigarros produzidos no Paraguai e comercializados ilegalmente no Brasil. Mais do que meramente traçar os caminhos percorridos por essa mercadoria – da sua produção no Paraguai até sua comercialização e consumo no mercado brasileiro – este estudo procura entender o papel dos atores responsáveis por determinar sua trajetória: os governos do Paraguai e do Brasil; as empresas produtoras de cigarro, brasileiras e paraguaias; e os indivíduos envolvidos nesses circuitos, como contrabandistas e comerciantes. Inicialmente, o trabalho analisa as mudanças que ocorreram com o cigarro em um passado recente, quando deixou de ser um mero objeto de consumo para também se transformar em objeto de intervenção de várias técnicas de governo. A partir daí, busquei entender o surgimento das indústrias brasileiras e paraguaias de cigarro, até o momento em que o contrabando se consolida como uma das principais formas de abastecimento do mercado consumidor no Brasil. Ao final, por meio de um trabalho etnográfico realizado com vendedores ambulantes de cigarros paraguaios na cidade de São Paulo, bem como entrevistas e conversas com representantes de empresas e instituições do setor e agentes de governo, a análise desse circuito e dos atores que o compõem servem de insumo para pensar os mecanismos empregados na determinação das práticas classificadas como lícitas, ilícitas ou ilegais. Conclui-se que o contrabando de cigarros paraguaios no Brasil é uma face de um fenômeno global, onde fronteiras – sejam elas fronteiras geopolíticas ou fronteiras dos ilegalismos – são percebidas como oportunidades de negócio e estrategicamente agenciadas.

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