O objetivo desta pesquisa é confrontar teorias ocidentais da magia e da liberdade com noções êmicas de um grupo de teatro físico-poético-ritual baiano. As primeiras foram costuradas a partir de conceitos da sociologia, da antropologia e do corpus místico ocidental clássicos, e as segundas foram obtidas por meio de observação participante e diálogo com teorias antropológicas contemporâneas e seus interlocutores na teoria dramática do século XX. Em um campo em que o foco é o corpo, as ideias de liberdade estão vinculadas à experiência das paixões e dos afetos fora do tempo linear e à auto constituição identitária em sentido substantivo, não-verbal, em uma lógica outra à racionalidade estratégica do indivíduo liberal moderno. Sendo ainda um campo fortemente inspirado e referenciado nas religiões afro-brasileiras, a pesquisa também investiga as relações entre as suas tradições mágicas e aquelas ocidentais.