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Esta dissertação analisa a exposição “Maori. Seus tesouros têm alma” apresentada no Museu do quai Branly, em Paris - França, de setembro de 2011 a janeiro de 2012, que apresentou a cultura e a arte dos Maori, povo indígena da Nova Zelândia. A exposição foi caracterizada como a primeira experiência de “curadoria nativa” realizada na instituição e culminou com o repatriamento para a Nova Zelândia de vinte crânios mumificados maori que pertenciam a coleções de museus franceses. Ela marca o encontro do Museu Te Papa Tongarewa da Nova Zelândia, que preconiza controle nativo sobre os objetos levados para Europa por colonizadores, e o Museu do quai Branly, um museu de “arte etnográfica”, herdeiro de coleções coloniais e de uma visão universalista de culturas e de suas produções artísticas. Partindo de descrição etnográfica e análise estética, pretende-se explorar o processo de atribuição de agência a uma exposição, através da atividade curatorial. Para tanto, são relacionados elementos visuais e discursivos presentes na exposição e mobilizados para sua realização, explicitando o papel desempenhado por ela no discurso de “diálogo entre culturas” proposto pela instituição francesa. São trazidos contrapontos encontrados nas propostas curatoriais de outras exposições temporárias da mesma instituição e de sua exposição permanente, revelando o protagonismo do curador – que assume formas variadas, mais ou menos explicitadas – como principal mediador entre público e construções culturais traduzidas esteticamente.

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