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A literatura sociológica sobre movimentos sociais fala pouco sobre o corpo como elemento constitutivo do protesto. No entanto, o corpo deve ser reconhecido como um importante artefato político dos movimentos e protestos atuais, preparado e modulado por ativistas para expressar suas preocupações políticas. Ao estudar a Marcha das Vadias carioca, protesto anti-estupro que desde 2011 atrai milhares de pessoas às ruas, analiso a construção do corpo sob duas óticas. Na primeira, apresento o corpo como repertório. A Marcha das Vadias aposta em um frame de transgressão, em que o corpo e a emoção desempenham papel central, e relega a segundo plano o frame vitimário que costuma dar o tom das ações feministas de combate à violência de gênero no Brasil e no mundo. Na segunda, analiso como o corpo é mobilizado na produção de narrativas de diferença e identificação entre grupos feministas. Emoções e marcas corporais de raça, gênero, sexualidade, idade e classe são agenciadas por apoiadoras e críticas da Marcha das Vadias na construção e legitimação de agendas políticas distintas. O corpo, aqui construído como suporte para alianças, contestações e conflitos, constitui um terreno fértil para a reelaboração da política identitária feminista contemporânea. Materializando, para as participantes, um poderoso sentido de agência individual e coletiva, o corpo que protesta está investido de uma eficácia simbólica que merece a atenção dos estudiosos dos movimentos sociais. Palavras-chave: Corpo, Emoção, Identidade, Movimento Feminista, Marcha das Vadias

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