O presente projeto possui como eixo a relação entre teoria e história no pensamento social latino-americano, relação essa que ganha corpo a partir da mobilização da comparação como recurso teórico heurístico fundamental em diferentes trabalhos produzidos na América Latina. A pesquisa se concentrará no corpo-a-corpo entre as diferentes pesquisas do sociólogo brasileiro Fernando Henrique Cardoso e os trabalhos do sociólogo argentino Torcuato S. Di Tella, ao longo dos anos 1960-1970, que se debruçaram sobre as especificidades do processo de mudança social na América Latina, através de uma perspectiva sociológica histórico-comparada. Assim, a hipótese que procuraremos avançar é a de que, se, de um lado, Cardoso tende a se aproximar da perspectiva do sociólogo alemão Reinhard Bendix, ao enfatizar as especificidades das diferentes experiências sociais de modernização, por outro, Di Tella parece se aproximar do modo pelo qual o sociólogo estadunidense Barrington Moore Jr. mobiliza a história e a comparação, posto que se encontra mais preocupado com a construção de proposições teóricas mais gerais. Levando em consideração a pluralidade de possibilidades teórico-metodológicas referentes aos usos da perspectiva histórico-comparada, procuraremos efetuar uma análise comparativa entre os trabalhos de dois sociólogos que podem ser considerados representantes de uma certa sociologia histórico-comparada latino-americana, ainda que os modos pelos quais ambos constroem seus diagnósticos sobre o desenvolvimento na região pareçam implicar em usos distintos da história e da comparação.