O contexto de crise do sistema capitalista, pós-2008, no Brasil e em outras partes do mundo, promoveu mudanças nas estratégias corporativas, nas relações de trabalho e na ação sindical. A consolidação das empresas multinacionais, em redes globais de produção, e as exigências impostas por este processo aos territórios produtivos resultaram na flexibilização da produção, na incorporação sistemática da tecnologia da informação, na redução de direitos laborais, e no enfraquecimento da capacidade de negociação dos trabalhadores. Este projeto pretende discutir as mudanças nos padrões produtivos, a partir do exemplo de localidades atingidas pela crise econômica recente, e seus desdobramentos sobre o mercado de trabalho e sobre a organização dos sindicatos. Vai enfatizar a investigação de situações sociais, com diferentes histórias e políticas de desenvolvimento industrial, e refletir sobre as estratégias de ação e formas de participação dos atores sociais locais/globais em contextos diversos de negociação social. Teoricamente vai trabalhar com a perspectiva de identificar sinais de resistência e potencial de contestação e confronto político nas mais variadas escalas (global, nacional e local) e apostar na possibilidade de construção de novos recursos de poder por parte dos trabalhadores e seus órgãos de representação, como as iniciativas voltadas para o estabelecimento de padrões mundiais de relações de trabalho. A investigação empírica terá como base uma comparação entre dois distritos industriais brasileiros - Sul Fluminense e ABC Paulista-, com predomínio do setor automotivo. Há elementos comuns aos dois casos: as grandes empresas multinacionais predominam, as relações de trabalho são flexíveis, e as administrações públicas auferem dividendos econômicos e políticos. As diferenças decorrem da história do processo de industrialização regional, da densidade institucional e do nível de articulação dos sindicatos e movimentos sociais, com implicações sobre as relações de poder..