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As Favelas têm um histórico de lutas desde sua gênese, com ações autônomas de moradoras(es) e incidências políticas constantes. Contudo, são marcadas também por um histórico de dívida social do poder público junto às populações faveladas. As políticas públicas voltadas para as Favelas são, em sua grande maioria, elaboradas em gabinetes, excluindo dos processos decisórios as pessoas impactadas por essas intervenções. Durante muito tempo, a relação das Favelas com o poder público foi de subalternidade, imposta por este, e as ações governamentais nesses territórios foram, e são, de controle e determinação, induzindo moradoras(es) à passividade. Mas os tempos são outros. A Favela sempre resistiu e, ao mesmo tempo, construiu seu espaço, sobrevivendo, se impondo e exigindo o protagonismo que lhe pertence, sobretudo com respeito à história e à memória da vida cotidiana. Sua sociabilidade do espaço vivido engrossou o caldo cultural próprio de quem teve que criar alternativas (gambiarras) para sobreviver ao abandono histórico dos direitos mais básicos que pudessem garantir o mínimo de dignidade humana. Considerando a memória e a história favelada, bem como a atual conjuntura política, faz-se necessário radicalizar a democracia e os espaços de participação direta, principalmente das populações mais vulnerabilizadas. Mas estamos falando de uma participação efetiva que se traduza em ações, e não de espaços de pseudoparticipação com duplos monólogos no lugar de diálogos entre a Favela e o poder público.