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Este artigo aborda o modo como os foliões de reis enfrentaram a pandemia de covid-19 na elaboração e na celebração de seus rituais festivos no período de 2020 a 2022. Partindo do caso das folias de reis do Rio de Janeiro, observamos como esses grupos adaptaram seus rituais e expressaram suas angústias, anseios e devoções através de performances poético políticas. Mostramos como as redes sociais digitais têm desempenhado um papel fundamental na mobilização desses grupos e na produção de sua autoimagem. O texto explora o universo da criação de versos rimados, especialmente por parte de um personagem singular das festividades conhecido como “palhaço”. Através dessas performances vocais, foliões de reis apresentam uma notável crônica da pandemia, veiculando perspectivas políticas, morais e éticas sobre o impacto desse fenômeno em suas vidas cotidianas e rituais, também formulando concepções cosmológicas acerca de saúde e doença, vida e morte.