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Drama, ritual e performance são conceitos-chave na obra do antropólogo escocês Victor Witter Turner, uma das principais referências da antropologia contemporânea. Centrais nos estudos da cultura, do simbolismo e dos rituais que conferem graça e sentido à vida social, esses conceitos se entrelaçam, de modo orgânico no instigante percurso intelectual de Victor Turner e são aqui desvendados em linguagem direta e clara por Maria Laura Cavalcanti. Guiando o leitor por entre as formulações desses três conceitos que iluminam a densa pesquisa de campo realizada por Turner nos anos 1950 entre os Ndembus, na antiga Rodésia do Norte, atual Zâmbia, Maria Laura ainda se aprofunda nas inovadoras articulações entre antropologia e teatro por ele exploradas na Nova York dos anos 1980. E mostra que, em sua interação, drama, ritual e performance, respondem ao mesmo ímpeto de elucidação de um problema antropológico crucial: como compreender a natureza simbólica das experiências sociais. Com suas potentes análises, Victor Turner forjou, como nos revela a autora, uma antropologia que abriu espaço para a expressão da subjetividade em meio à natureza coletiva dos processos sociais; que integrou desequilíbrios, tensão e conflito ao sentimento de pertencimento grupal; que associou a estrutura à antiestrutura, ao enfatizar a liminaridade, o umbral, as passagens entre distintos papéis e posições sociais; que iluminou a performance como o momento ímpar em que o tempo é experimentado pelo sujeito como puro fluxo.

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